IGREJA PARA "TODOS, TODOS, TODOS"

Num tempo em que muitos se julgam fora da Igreja, sem direito a participar na vida eclesial e a celebrar os sacramentos, recusando mesmo o diálogo com vista a uma aproximação, o Papa Francisco, na Jornada Mundial da Juventude, convidou a multidão a associar-se a ele na repetição profunda daquele “todos, todos, todos”.

Enquanto muitos terão pensado tratar-se de uma espécie de “puxão de orelhas” aos Padres e Bispos, outros terão pensado que, doravante, poderíamos entrar num tempo sem quaisquer restrições para aceder à comunhão eclesial, aos sacramentos e à admissão como padrinhos/madrinhas de batismo.

A meu ver o Papa, com esta insistência do “todos, todos, todos” quis dizer que todos devem aproximar-se da Igreja, independentemente do seu estado de saúde espiritual ou história de vida, porque na Igreja há lugar para os que desejam fazer um caminho e nela encontrar o seu lugar. Neste contexto, já no regresso a Roma, o Papa falou de um caminho de ingresso e progresso, de crescimento e acompanhamento pastoral. Este caminho, respeitando as forças pessoais de cada um, requer o desejo de fazer parte da Igreja, a conversão, o diálogo pastoral e a oração.

A Igreja Mãe tem o dever de acolher todos os seus filhos, aos quais faz uma proposta de vida, respeitando o que cada um está capaz der receber. Antes da admissão aos Sacramentos, e particularmente à “Eucaristia”, a Igreja não pode deixar de proclamar a proximidade e urgência do Reino de Deus, com o consequente apelo à conversão, à vivência da fé, à oração e ao compromisso eclesial.

Contrariamente ao que muitos pensam, também os jovens têm vontade e forças para abraçar o exigente projeto de vida de Jesus Cristo, na medida em que os cristãos o vivam e o apresentem como uma alternativa às fáceis e sedutoras banalidades e superficialidades que a sociedade possa oferecer.