MENSAGEM À DIOCESE DE BEJA POR OCASIÃO DO JUBILEU DA IGREJA CATEDRAL

 

Mensagem à Diocese de Beja

por ocasião do Jubileu da Catedral

 

                                                          Beja, 1 de novembro de 2024 

                                                           Solenidade de Todos os Santos

 

Irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo

Caros diocesanos:

 

        A nossa Diocese de Beja celebra os 100 anos da ereção canónica da sua Igreja Catedral. A Diocese foi criada no período visigótico, conhecida então como Diocese Pacense (de Pax Julia) e o primeiro Bispo de que há registo foi Apríngio (531). Foi extinta durante a ocupação muçulmana e, aquando da reconquista de Beja aos mouros, em 1166, não foi restaurada, ao contrário do que aconteceu com quase todas as outras dioceses portuguesas, ficando este território, outrora Diocese Pacense, a fazer parte da Diocese de Évora, que a partir de 1540 passou a Arquidiocese.  No 10 de julho de 1770, a Diocese de Beja foi restaurada, com o título de Beiensis pelo Breve Agrum Universalis Ecclesiae, do Papa Clemente XIV, tendo como seu primeiro Bispo, neste novo período, D. Fr. Manuel do Cenáculo Vilas Boas (1770-1802). Este Bispo pensou em construir a Catedral no antigo Colégio dos Jesuítas com o título de São Sisenando, padroeiro da Cidade de Beja, mas esta ideia não se chegou a concretizar. Entretanto, D. Manuel do Cenáculo foi nomeado Arcebispo de Évora,  tendo a nossa Diocese Bejense durante todo o século XIX passado por diversas vicissitudes: as invasões francesas (1807-1812), a revolução liberal (1820), a guerra civil (1832-1834),  a extinção das Ordens Religiosas em 1834, entre outros, foram geradores de instabilidade também na vida interna da Igreja, inclusive nas nomeações dos Bispos, levando a que a Diocese durante este século tivesse longos períodos de sede vacante, ou de Bispos pouco presentes, a tal ponto que a Diocese  correu o risco de ser novamente extinta em 1876. Tal não aconteceu graças ao trabalho brilhante e perseverante do Cónego António José Boavida, então Vigário Capitular de Beja entre 1871 e 1883, tanto no Parlamento como junto da Santa Sé, como vem descrito na sua obra Memória acerca do Bispado de Beja, 1880.

        Deste modo, desde o início da restauração da Diocese até 1922, a Igreja que servia de Sé (embora não instituída oficialmente) era a Igreja Paroquial do Salvador, por ser na altura a mais próxima do Paço Episcopal, mas segundo se afirma no rescrito da ereção da Catedral, de 14 de novembro de 1924, era «demasiado pequena e menos apta para o culto Episcopal». A Diocese depois da sua restauração, em 1770, teria de esperar 154 anos para ter oficialmente a sua Catedral, o que só aconteceu no tempo de D. José do Patrocínio Dias, o grande Bispo restaurador desta diocese, que escolheu a Igreja de Santiago Maior para Catedral e constituiu o respetivo cabido.

 

        Este pedido do prelado pacense ao Papa Pio XI foi confirmado por dois Rescritos da Sagrada Congregação Consistorial, datados de 14 de novembro de 1924, onde o Santo Padre «erige a dita igreja de S. Tiago Maior Catedral da Diocese de Beja sob a invocação principal do Sacratíssimo Coração de Jesus, reservado à mesma o título secundário de S. Tiago Maior, com todos os direitos e privilégios que de direi­to ou por costume competem às demais igrejas cate­drais» (cf. AAS 18, 1926, 41-42).

 

        Para assinalar e viver este Jubileu evocativo dos 100 anos da nossa Catedral lembro e convido a que:

  1. nas paróquias da Diocese, onde for possível, no dia 14 de novembro, quinta-feira, se celebre a Eucaristia pela Diocese e pelo seu Bispo,
  2. no dia 17 de novembro, domingo, pelas 16 horas, se celebre, na Sé, Eucaristia solene do Centenário da ereção canónica. Conto com a participação do clero, consagrados e todos os fiéis da nossa Diocese nesta celebração.

        Pedi ao Papa Francisco e foi-nos concedida a Indulgência plenária nas condições habituais (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre) e a Bênção Papal para os que participarem na celebração deste Jubileu da nossa Catedral. Na alegria e na gratidão por esta valorização da Catedral de Beja como Igreja-Mãe da nossa Diocese, somos também confirmados no que somos enquanto Diocese. Oportunamente serão divulgadas informações mais detalhadas acerca deste tema.

        Escolhemos como lema para este ano jubilar de 2025 “Peregrinos de Esperança”. É na esperança e na alegria que vos convido a todos, caríssimos irmãos, a participar neste Ano Jubilar diocesano e no Ano Santo ordinário que se realiza em toda a Igreja. Guiados pelo Espírito Santo, queremos ser pedras vivas com as quais Cristo edifica a Igreja diocesana de Beja.

        Sendo a nossa Catedral dedicada ao Coração de Jesus, fomos brindados com a bela surpresa da publicação Carta Encíclica Dilexit nos do Papa Francisco sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus, precisamente no dia 24 de outubro de 2024, dia da Solenidade do Padroeiro da nossa cidade. Que seja uma oportunidade para aprofundarmos a vivência da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, tão presente na nossa Diocese de Beja.

 

        Que a Virgem Maria e São José Operário, padroeiro da nossa Diocese, nos ajudem a crescer na Fé, na Esperança e na Caridade e a dar abundantes frutos de santidade.

        A todos quantos lerem esta mensagem a bênção e a paz de Deus.

 

 

† Fernando, Bispo de Beja